O segundo dia do XII Congresso Nacional dos Defensores Públicos (CONADEP),  reuniu especialistas de várias áreas no painel cujo tema foi “Política criminal do super-encarceramento: é possível falar em abolicionismo penal no Brasil ? ”.

 

O defensor público do Paraná, André Giamberardino, o professor universitário, pesquisador, escritor e advogado Juarez Cirino; o delegado Orlando Zaccone e o professor e especialista em criminologia, Salo de Carvalho apresentaram o tema proposto e  apontaram  algumas alternativas incluindo aquelas previstas na  atuação institucional  da  Defensoria Pública.

 

Falando do abolicionismo penal no Brasil -movimento relacionado à descriminalização, que prevê a retirada de determinadas condutas de leis penais incriminadoras e à despenalização, entendida como a extinção de pena quando da prática de determinadas condutas, o  delegado  Orlando Zaccone ressaltou que “não dá para falar e nem existe o abolicionismo penal no Brasil e, caso houvesse, não seria o fim de todos os problemas”.  Prosseguindo o delegado disse que “ para ver o aboliscismo  no Brasil, devemos  começar por nós mesmos e depois aplicar nas Instituições”. 

 

Ao  abordar  a questão da descriminalização, legalização e produção de drogas no Brasil, Orlando Zaccone  defendeu a legalização:  “O Brasil está atrasado. Temos que ter coragem política para enfrentar esse tipo de decisão. A legalização será um grande avanço”.  Zaccone falou também dos sistemas alternativos de punição –  internação e a reeducação que, segundo ele, são tão cruéis como o sistema penal.  “Quanto mais mexermos com o Direito mais mexemos com o encarceramento. A  prisão é uma decisão política e não jurídica”, considerou.

 

O criminologista Salo de Carvalho defendeu a importância de se falar de abolicionismo. “Nós vivemos em uma cultura política e só quem pode fazer rupturas dessa cultura é a Defensoria Pública e a Universidade. A Defensoria é a principal instituição de resistência ao punitivismo e ao genocídio em massa provocado pelo grande encarceramento”, destacou. 

 

Salo também defendeu a descriminalização de drogas. Quanto  as  penas alternativas, em afirmou que  são alternativas à liberdade e não, à prisão.  Sobre as audiências de custódia, Salo afirmou  tratar-se de uma medida necessária. ” A audiência de custódia faz com que o juiz avalie uma pessoa de ‘carne e osso’ e não apenas ‘autos’. Ela obriga o julgador a pensar que há uma pessoa que sofre os efeitos da sua decisão. Traz mais responsabilidade ao ato de julgar, por isso entendo imprescindível”, enfatizou o criminologista.

 

Juarez Cirino que falou sobre a política do superencarceramento  começou dizendo que o Capital não pode viver sem a prisão. “O  problema é a desigualdade social. E esta é uma questão política”, declarou.   Declarando-se um  abolicionista o defensor  reconheceu  as limitações do movimento: “Por meio do abolicionismo podemos melhorar,  mas não tudo. O abolicionismo não se desenvolve no sistema capitalista”.  

 

Ascom ADEP-MG com ANADEP

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